O ministro da Saúde, deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), provocou discórdia entre os eleitores brasileiros ao afirmar que a maioria dos pacientes que procuram atendimento em unidades de atenção básica da rede pública apenas "imagina" estar doente, mas não está. Ou seja, seria uma espécie de hipocondria generalizada. De acordo com o ministro, é "cultura do brasileiro" só achar que foi bem atendido quando passa por exames ou recebe prescrição de medicamentos e esse suposto "hábito" estaria levando a gastos desnecessários no Sistema Único de Saúde (SUS).
Ricardo Barros comentou que a população costuma associar uma boa consulta à solicitação de exames e defendeu que os médicos ajudem a mudar esse pensamento. "Não temos dinheiro para ficar fazendo exames e dando medicamentos que não são necessários só para satisfazer as pessoas, para elas acharem que saíram bem atendidas do postinho de saúde". Será que o ministro não entende que prevenir é mais fácil do que tratar? E este investimento passa por exames, sim. Caso contrário, os investimentos serão muito maiores...
O ministro defendeu que os médicos façam uma investigação mais criteriosa do paciente, antes de solicitar exames ou prescrever remédios. "O médico tem de apalpar o cliente, fazer anamnese, tem de conversar com a pessoa", afirmou ele, como se fosse um eficiente doutor em medicina...
O presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica, Antonio Carlos Lopes, reagiu a afirmação de Ricardo Barros. “Sabe porque muitas vezes existe erro no pedido de exame? Não é porque o paciente não é bem examinado, não é bem interrogado e são solicitados os exames errados. Talvez a rede pública demore tanto para dar o resultado de um exame que, até lá, o paciente já sarou e não vai retirar o resultado", salientou Lopes.